filme da semana: Close (2022)

a biblioteca de babel
3 min readJan 26, 2023

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o Drama do ano tem nome e vem da Bélgica

Senhoras e senhoras, sou eu: pedro valença, o seu sommelier de “filme estrangeiros”. E está na hora de mais um review.

Janeiro é o mês onde realizo uma das minhas atividades favoritas: assistir aos indicados ao Oscar de “melhor filme em língua estrangeira”. Apesar do meu coração e torcida estarem firmemente com Argentina, 1985, preciso admitir que o maior drama humano de 2022 veio da Bélgica e se chama Close.

Close já estava na minha lista após ser indicado por pessoas que admiro e pela positiva recepção crítica que recebeu em Cannes. E não decepcionou.

O filme é a história de Léo e Remi, dois meninos inseparáveis no interior da Bélgica cuja amizade, nota-se, pode ser um pouco mais que platônica. No entanto, as coisas mudam bruscamente quando os rapazes entram no ensino médio e sua relação passa a ser questionada por pessoas de fora.

Como membro da Comunidade De Pessoas Que Jogam Nos Dois Times, eu posso dizer que esse é um dos retratos mais fidedignos sobre a confusão sexual no início da adolescência. E sobre como é difícil interpretar as relações cinzentas que temos no final dos Anos Inocentes. Somente com a introspecção da idade e com a devida maturação dos caracteres sexuais passamos a perceber que a admiração que sentíamos não era exatamente amizade.

Sem dar spoilers, mas algo acontece que separa Léo e Remi e o resto do filme mostra os personagens processando este fato. E novamente eu preciso tirar o meu chapeu para Close porque o filme é perfeito retratando como uma criança de 13 anos de idade lidaria com esse tipo muito particular de evento traumático.

Porque o trauma, naturalmente, não é um evento que acontece uma vez no tempo e cessa em definitivo. O filme mostra que no meio do processo traumático existe uma tediosa calmaria. A edição intrecala momentos de intensa turbulência emocional com cenas de normalidade doméstica, quase como se o direitor quisesse desviar o foco do conflito central da trama.

Mas o conflito é inevitável. E em Close o choro não vem como uma catarata, mas em conta-gotas. Os momentos de emoções não são furacões, e sim instantes onde achamos que os personagens irão finalmente sublimar seus sentimentos — até percebermos no último segundo que eles ainda não estão prontos para isso.

Esse é definitivamente o maior Drama Humano do ano. Um filme brutalmente real — tão palpável e concreto que você pode quase tocá-lo. Não é um grande relato sobre acontecimentos históricos e nem um milionário trabalho ultra ambicioso: é apenas a história de pessoas comuns processando sentimentos após um trauma.

Eu tenho uma predileção por esse tipo de Filme Para Chorar, mas acredito que Close oferece algo para todo mundo. Honestamente não tenho muitas críticas a fazer: as atuações são irretocáveis, a sutileza do diálogo é louvável e a fotografia é de um imenso bom gosto. É um filme absolutamente perfeito se você estiver no mood de assistir algo que te deixe sensível até o final do dia.

Nota: 9.0 out of 10.0 — disponível no Stremio

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