Ryanair FR 1143

a biblioteca de babel
2 min readDec 25, 2023

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Rogo que não me ache muito fútil, mas a primeira coisa que eu amei em você foi o teu rosto. Alguém tem que ligar para UNESCO, esse patrimônio precisa ser tombado. Eu amo teus óculos de bibliotecário — todos eles. Tua barbinha castanha, teus olhos gentis. E o teu cabelo. O teu cabelo idiota repartido no meio como um par de cortinas pretas. Eu odeio o quanto eu amo o teu cabelo.

Amo que és um artista. Quem é um *artista* hoje em dia?! Gosto que posso encontrar fotos das tuas exposições se procurar o teu nome no Google. E tás lindo em todas elas, é claro. Tua jaqueta é linda. O teu cabelo parece criado por deus para me provocar. Eu já disse o quanto eu odeio o teu cabelo?

Eu vou permitir que você seja o objeto dos meus desejos irreais por uns dias. Uma projeção do que eu quero sentir por alguém. Você é carne e osso mas como você não está aqui eu posso te transformar na minha fantasia.

Eu queria descobrir tudo sobre você. O que te faz rir e o que te deixa nervoso. Te colocar no meu colo enquanto afasto o cabelo do teu rosto. Te beijar uma quantidade estúpida de vezes. Te elogiar até te deixar desconfortável. Tocar no teu nariz com a ponta do meu dedo.

Na minha mente eu escrevi um roteiro. Eu sou um contador de histórias, afinal. Na finha ficcção você não voltaria sozinho para casa amanhã. Não mesmo. Eu embarcaria nesse vôo para Berlin às 6:00 da manhã do teu lado. Eu: louco e impulsivo. E todos me viriam contigo. Eu: o homem mais sortudo do mundo.

E aí finalmente nós nos conheceríamos.

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